quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Chevrolet Opala – Mil cavalos de potência!


MADE IN BRAZIL – Opala 1988 é totalmente refeito seguindo receita gringa, mas com o velho e bom motor seis cilindros, para ultrapassar os 1.000 cv

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Na arrancada, normalmente os pilotos começam nas categorias Street ou Desafio, com pouca preparação. É aquele carrinho de rua que vira na casa dos 14, 15 segundos nos 402 m. Divertido, mas nada que realmente emocione. Alguns pegam gosto, investem e partem para outras categorias, quase sempre pilotando carros especiais para pista, onde o alívio de peso é de lei e o nível de preparação leva a potência a números estratosféricos. E essa era para ser a ordem natural para o contador Douglas Carbonera, de 28 anos, quando decidiu montar o primeiro carro preparado de sua vida, um Opala apenas “ajeitadinho”, quase original. Era para ser…
Lá atrás, no final da década de 90, um grande amigo de Carbonera — o falecido Marquinhos, da Pro Race — já acelerava um Opala aspirado com tripla de Weber (45 DCOE) no motor seis cilindros forjado e com seis fogger de nitro. “Foi ele que começou a contaminar a minha mente e me fez esquecer a ideia de carrinho de rua”, conta Carbonera. “Comecei, então, a pesquisar tudo o que existia sobre preparação de motor seis cilindros, até fazer, em um fórum americano, três amizades que são a diferença no projeto desse Opala: Rick Chastain, dono de um Camaro 1968 (seis cilindros turbo com cabeçote Sissell de alumínio), Steven ‘Mighty6’, dono de uma picape Chevrolet (também com cabeçote de alumínio Sissell e seis bocas), com 900 cavalos aspirado nitro, e Mike Kirby, da Sissell Racing Heads.”
Foram horas, horas e mais horas entre telefonemas e e-mails trocando ideias sobre o tipo de preparação. Resolvido o que seria feito no motor, Carbonera dedicou quase 100% de seu tempo de descanso na montagem da estrutura. “Comecei a recortar a lataria e fazer o carro em casa mesmo, com o que eu tinha de ferramentas em mãos: seis cavaletes, uma esmerilhadeira, uma máquina de solda, centenas de fotos impressas de chassis americanos, muita literatura sobre o assunto, a indispensável ajuda daqueles amigos que estiveram ao meu lado do início ao fim do projeto, muita paciência e, principalmente, determinação”, relembra o piloto.
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Várias peças foram compradas e depois vendidas para serem substituídas por outras melhores. O chassi, por exemplo, foi feito e desmanchado três vezes durante os exatos seis anos e nove dias até a estreia na categoria Stock. Mas não pense que ele sentou nesse Opala sem experiência alguma. Nesse tal de compra e vende peças, um Opala aspirado (publicado na FULLPOWER 77), da categoria Traseira Original, entrou no rolo para servir de escola para Carbonera. “Foi um aprendizado para mim e uma porta de entrada para a arrancada, pois alcançamos excelentes resultados, graças à Rhonaldo Motorsports, responsável também pelo carro”, explica.
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Caixa de Pandora
A Caixa de Pandora é uma expressão muito utilizada quando se quer fazer referência a algo que gera curiosidade, mas melhor não ser revelado ou estudado, sob pena de se mostrar algo terrível, que possa fugir de controle. É uma boa definição para o projeto de Douglas que, de um simples turbinado de rua, consumiu seis anos de trabalho árduo e a quantia de R$ 180 mil para ser finalizado. Resultado: um bólido que ultrapassa os 1.000 cv é uma das grandes sensações da temporada 2009 da Copa Brasil Velopark, na cidade de Nova Santa Rita, no Rio Grande do Sul.
Em sua segunda puxada oficial, o “Thunder Bee” cruzou o quarto de milha da pista gaúcha em belos 8s6 a 266 km/h. Mas, o que tem de tão diferente nesta receita gringa que torna esse carro tão especial? Tenho acompanhado há alguns anos a peregrinação de Carbonera na escolha das peças e montagem do carro e garanto: tem tanta coisa que seria necessário uma edição especial de FULLPOWER para dissecar todo o projeto!
O cabeçote, por exemplo, demorou dois anos para ser fabricado. A nova peça foi feita de alumínio e tem dutos de admissão individuais — o original de Opala é de ferro fundido e com dutos siameses. Quem produziu o objeto de desejo mais cobiçado pelos opaleiros foi o mestre dos Chevy seis cilindros, o americano Mike Kirby, da Sissel Racing Heads. “Ele é inventor do ‘Lump Port’, um design diferenciado nos dutos de admissão, com rampas e divisores modificados, que aumentam fluxo e velocidade de mistura nos cabeçotes de ferro. Hoje, desenvolve qualquer cabeçote para competição, mas o forte ainda são os seis bocas Chevrolet”, conta Carbonera.
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E as novidades no cabeçote não param por aí! As válvulas de admissão e escape são confeccionadas em inconel, liga inoxidável extremamente leve, composta por níquel, cromo e ferro, que suporta alta temperatura. “As válvulas parecem um papel, de tão leves. São melhores que as de titânio, que não aguentam muito calor. O inconel é um material capaz de suportar as altíssimas temperaturas a que o cabeçote é exposto devido ao uso do turbo. É o mesmo usado nos Top Fuel e Funny Car alimentados com nitrometano, que chegam aos 8.000 cv de potência nos Estados Unidos.”
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Tudo foi exaustivamente estudado antes de ser colocado no carro. O watercooler, da Spearco, fica dentro do habitáculo, ao lado do piloto. “Nessa posição, há melhor distribuição de peso”, explica Carbonera, que instalou o reservatório de água e o tanque de combustível no porta-malas. O ar, enviado para o motor por tubo de 4”, é pressurizado por um gigantesco turbo Bullseye Power S491, da Race Cover. De acordo com o fabricante Borg Warner, este superalimentador sustenta até 1.800 cv. “Fizemos esta primeira prova com o Bullseye, mas para a próxima etapa vou montar um turbo diferente, fabricado pela Turbonetics, modelo Y2K 88 mm, que tem duplo rolamento de cerâmica e eixo de titânio.”
Carbonera acredita que a pegada do turbo atual está muito lenta e o turbo roletado deve suprir esta deficiência em baixas rotações. “Na puxada dos 8s6, a pressão de turbo não passou de 0,8 kg até os 300 metros da pista. Só depois dessa distância, a pressão subiu para 2 kg, o que está errado. Já quero o carro largando com esta pressão!”, diz o preparador Ronaldo Oliveira. Na alimentação, mais novidade: um módulo FuelTech RacePRO 1Fi dispara 12 injetores Bosch 160 lb/h. A diferença está na pressurização e no posicionamento dos injetores. “O coletor de admissão tem cornetas internas nos dutos e os seis injetores de alta rotação ficam no plenum, apontados para as cornetas. É o mesmo sistema utilizado nos carros da NMCA americana, entidade que reúne a nata dos motores V8 turbinados, aqueles que superam os 3.500 cv”, conta Carbonera.
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A suspensão é outro ponto forte da caranga. Sistema McPherson na dianteira e ladder-bar na traseira, ambos feitos pelo próprio piloto, com amortecedores Koni, ajustáveis. “Li e pesquisei muito sobre suspensão até chegar a essa configuração. Molas e amortecedores foram trocados diversas vezes ao longo dos anos, sempre fazendo mudanças para adequar ao projeto. É tudo gringo e conto com a assessoria das empresas americanas Rick Jones Race Cars e Quarter-Max Chassis & Racing Components no setup de chassi”.
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“Estamos no caminho certo. Na puxada dos 8s6, deu para sentir que o Opalão anda reto e arranca forte, apesar de ainda termos muito para desenvolver”, explica o piloto e proprietário, marinheiro de segunda viagem, que confessa: “A diferença entre o Opala aspirado para esse é enorme, chega até a dar medo”. O recorde atual da categoria Stock é de 7s8 na pista do Velopark, e 8s5 na reta curitibana do AIC (Autódromo Internacional de Curitiba). Com os 8s6 na estreia do Opala, podemos esperar que a briga na categoria vá esquentar!

Um comentário:

  1. Queremos a NDR de volta (esse Opala e o Cobalt Pro FWD na XTM ou na Pro Mod se não der). alguém já pensou em um tração dianteira na Pro Mod, alinhando ao lado de grandes nomes como Scort, Nico, Luís Cláudio e Roderjan?

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